domingo, 23 de setembro de 2012

Social-arte

Por Beatriz de Fátima



            A arte plástica, a partir da década de 60, passou a ser produzida de modo mais próximo do conceitual, contando com nuances de minimalismo. Disseminando uma economia de linguagens, o grupo de artistas, que construíam o estilo da época, intervieram com a criação de um modelo inovador montando e organizando as mostras, além de agirem como curadores.
         As exposições funcionavam como um espaço de discussão, no qual acontecia um debate entre as ideologias políticas e o combate que propunha a arte. Era justamente essa a proposta dos movimentos como: Opinião 65, Opinião 66, Proposta 65, Proposta 66 e A Nova Objetividade Brasileira, sinalizando o momento em que surgia uma arte experimental, que, ao mesmo tempo, era comprometida com uma causa específica.
         O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no período entre agosto e setembro de 1995, foi palco da exposição Opinião 65. O comprometimento político não era o único impulso para o acontecimento da mostra. A experimentação vanguardista era outro fator importante por inserir, no estilo, a figuração e a abstração.
Cartaz da exposição
           O show Opinião, apresentação musical produzida, em dezembro de 1964, por integrantes do Centro de Cultura da UNE, que estava em ilegalidade declarada pelo Regime Militar, foi influência para o nome do evento artístico organizado por Ceres Franco e Jean Boghici, contando com a participação de 17 artistas brasileiros e 13 estrangeiros. O evento acabou sendo tomado como a principal mostra artística de caráter combativo ao regime militar brasileiro.
Estória (O Fim da Idade do Chumbo), 1965. Exposta em "Opinião 65", SP, 1965.
         Dentre os estilos artísticos veiculados pela Opinião 65, na época, estão a arte Pop norte-americana e o movimento da figuração, que se tratava de uma figura livre, fora do molde realista. Uma das instalações típicas do movimento foi o famoso Parangolé, de Hélio Oiticica, com o nome que significava algo como agitação. A arte, que requeria participação do público, agia por representar claramente o que ditava o Pop da época.
         A Opinião 65 acabou por impulsionar um evento, de mesmo caráter, mas realizado em território paulista. Planejada principalmente por Waldemar Cordeiro, a Proposta 65 foi organizada na Fundação Armando Álvares Penteado, na cidade de São  Paulo, em dezembro de 1965. Participaram 45 artistas, dentre alguns que também estavam presentes na Opinião 65 e artistas que realizavam obras concretistas, entre outras. O evento paulista discutia mais concretamente o que havia se iniciado pelos cariocas, partindo, por fim, ao estilo do realismo, com uma arte mais participativa.

         As discussões acabaram levando a realização de um terceiro movimento, que propunha um modo de debate ainda mais claro. A Nova Objetividade Brasileira foi realizada em abril de 67 também no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Este acabava por desenvolver um programa da arte de vanguarda nacional, discutindo um papel social da arte e sua relação direta com o público.
Cartaz da exposição carioca.

 Pintura Tátil, 1964. Exposta em "A Nova Objetividade Brasileira, RJ, 1967.  

         Os eventos foram, em geral, concretizações do momento de experimentação dos artistas e as tentativas de promover uma boa recepção e um bom relacionamento com o público além do envolvimento social.

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