Por Beatriz de Fátima
A arte plástica, a partir da década
de 60, passou a ser produzida de modo mais próximo do conceitual, contando com
nuances de minimalismo. Disseminando uma economia de linguagens, o grupo de
artistas, que construíam o estilo da época, intervieram com a criação de um
modelo inovador montando e organizando as mostras, além de agirem como
curadores.
As exposições funcionavam como um
espaço de discussão, no qual acontecia um debate entre as ideologias políticas
e o combate que propunha a arte. Era justamente essa a proposta dos movimentos
como: Opinião 65, Opinião 66, Proposta 65, Proposta 66
e A Nova Objetividade Brasileira,
sinalizando o momento em que surgia uma arte experimental, que, ao mesmo tempo,
era comprometida com uma causa específica.
O Museu de Arte Moderna do Rio de
Janeiro, no período entre agosto e setembro de 1995, foi palco da exposição Opinião 65. O comprometimento político
não era o único impulso para o acontecimento da mostra. A experimentação
vanguardista era outro fator importante por inserir, no estilo, a figuração e a
abstração.
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Cartaz da exposição |
O show
Opinião, apresentação musical produzida, em dezembro de 1964, por
integrantes do Centro de Cultura da UNE, que estava em ilegalidade declarada
pelo Regime Militar, foi influência para o nome do evento artístico organizado por
Ceres Franco e Jean Boghici, contando com a participação de 17 artistas brasileiros
e 13 estrangeiros. O evento acabou sendo tomado como a principal mostra artística
de caráter combativo ao regime militar brasileiro.
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Estória
(O Fim da Idade do Chumbo), 1965. Exposta em "Opinião 65", SP, 1965.
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Dentre os estilos artísticos veiculados
pela Opinião 65, na época, estão a
arte Pop norte-americana e o movimento da figuração, que se tratava de uma
figura livre, fora do molde realista. Uma das instalações típicas do movimento
foi o famoso Parangolé, de Hélio
Oiticica, com o nome que significava algo como agitação. A arte, que requeria
participação do público, agia por representar claramente o que ditava o Pop da
época.
A Opinião
65 acabou por impulsionar um evento, de mesmo caráter, mas realizado em
território paulista. Planejada principalmente por Waldemar Cordeiro, a Proposta 65 foi organizada na Fundação
Armando Álvares Penteado, na cidade de São Paulo, em dezembro de 1965. Participaram 45
artistas, dentre alguns que também estavam presentes na Opinião 65 e artistas que realizavam obras concretistas, entre
outras. O evento paulista discutia
mais concretamente o que havia se iniciado pelos cariocas, partindo, por fim,
ao estilo do realismo, com uma arte mais participativa.
As discussões acabaram levando a
realização de um terceiro movimento, que propunha um modo de debate ainda mais
claro. A Nova Objetividade Brasileira
foi realizada em abril de 67 também no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Este acabava por desenvolver um programa da arte de vanguarda nacional, discutindo
um papel social da arte e sua relação direta com o público.
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Cartaz da exposição carioca. |
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Pintura Tátil, 1964. Exposta em "A Nova Objetividade Brasileira, RJ, 1967. |
Os eventos foram, em geral,
concretizações do momento de experimentação dos artistas e as tentativas de
promover uma boa recepção e um bom relacionamento com o público além do
envolvimento social.